Mulheres no campo: a importância da presença feminina no agro brasileiro

Do Ministério da Agricultura às operações no campo, as mulheres assumem papel de destaque no agronegócio brasileiro e contribuem para o desenvolvimento do setor com visão estratégica, atenção aos detalhes e novos estilos de gestão.

Historicamente, o agronegócio era um setor predominantemente masculino. Não é mais assim. As mulheres vêm ganhando espaço e afetando positivamente a realidade do campo nos últimos anos, como revelam estudos e eventos específicos. Uma pesquisa elaborada pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e publicada recentemente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica que, em 2019, a participação feminina na agricultura familiar bateu um recorde, seguida da presença em assentamentos da reforma agrária.

Este fenômeno não se restringe ao operacional. No âmbito gerencial, os números também indicam ascensão das mulheres em posições de liderança. Um levantamento promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) indica que pelo menos 30% do setor encontra-se sob a gestão de mulheres. Para efeitos de comparação, o índice é de cerca de 22% da indústria e 20% em TI.

 

No Brasil, mais de 1,5 milhão de mulheres se autodeclararam chefes de um empreendimento rural, segundo dados do último censo agropecuário realizado pelo IBGE: diretoras, gerentes e produtoras responsáveis pela atividade de fazendas em todo o país. A variação indica crescimento de 6% nas posições de liderança nos últimos 11 anos, saltando de 12,6%, em 2006, para 18,6%, em 2017.

Há também de se destacar as contribuições femininas nas áreas de pesquisa científica, em cursos de nível superior e de capacitação profissional, e também na política. A própria pasta da Agricultura nacional encontra-se sob responsabilidade da ministra Tereza Cristina, por exemplo. Os números indicam altas também no empreendedorismo e na produção, sem indícios de que se trata de um cenário passageiro. Pelo contrário, elas vieram para ficar – e para mudar – a agricultura e a pecuária nacional.

Obviamente, nem tudo são flores. As mulheres enfrentam uma série de desafios específicos e dificuldades ao atuarem no agronegócio. A melhor forma de descobrir essas questões é perguntar e ouvir atentamente o que elas têm a dizer. No geral, é preciso desenvolver políticas públicas de fomento ao empreendedorismo feminino, facilitar o acesso a crédito e tecnologia, aspectos destacados recentemente pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina:

 

“Mulheres têm menos acesso a crédito, à tecnologia, à mecanização, à assistência técnica, a recursos produtivos e ao cooperativismo. O que isso representa é potencial econômico perdido. […] Queremos ver mais mulheres administrando fazendas, dirigindo tratores, chefiando cooperativas, pescando, plantando e colhendo, enfim, mais mulheres se beneficiando da pujança do agro brasileiro”

 

Neste sentido, são muitas as iniciativas desenvolvidas a nível local e nacional para destacar o papel feminino, oferecer suporte e premiar as contribuições já realizadas de forma prática. Alguns exemplos são a campanha Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos, promovida pelo Governo Federal; a premiação Mulheres do Agro; e plataformas de notícias e capacitação como a AgroMulher. A RedeAgro apoia a liderança feminina no campo e acredita em sua importância para fomentar conhecimento relevante, inovação e relacionamento, aspectos inerentes à missão da associação. Que venham novos projetos!