Bitcoin nos pagamentos agrários: tendência para o futuro?

No intuito de reduzir custos com a operação, alguns exportadores internacionais, especialmente na China, vem dando preferência a pagamentos via criptomoedas. Será este o início de um novo movimento financeiro e tecnológico no agronegócio?

As características da tecnologia blockchain e seus benefícios para o agronegócio já foram temas de um artigo no blog da RedeAgro. Um dos expoentes dessa ferramenta digital são as famosas Bitcoins, criptomoedas de maior valor no mercado e responsáveis por uma revolução em andamento no mercado financeiro global. Além de proporcionar a chamada descentralização monetária, a criptomoeda permite que compradores e vendedores encontrem vantagens práticas, especialmente em transações internacionais. Veja a seguir.

 

Vantagens da Bitcoin para exportadores no agronegócio

A cada dia, iniciativas capazes de promover maior eficiência e estimular a produtividade no campo são mais que bem-vindas, necessárias. Com um nível de competitividade elevado e mercados muito exigentes, saem na frente aquelas organizações que conseguem adotar, de modo rápido e assertivo, as novidades tecnológicas e processuais que surgem constantemente. O uso de Bitcoins é uma delas.

Basicamente, as criptomoedas podem ser definidas como um arquivo online que atua como uma unidade monetária digital. Toda e qualquer transação realizada por meio de Bitcoins ou outras criptomoedas (Ethereum, Ripple, Cardano etc.), é registrada em um índice global. Este banco de dados descentralizado funciona como um livro razão inviolável e seguro, de modo que dados podem sempre ser rastreados e jamais alterados ou apagados.

Basta entender os fundamentos para visualizar alguns benefícios que essa modalidade de transação financeira pode trazer a exportadores do agronegócio. Além da segurança envolvida no processo e da rastreabilidade cada vez mais valorizada no setor, a agilidade é um dos destaques. O pagamento imediato é muito mais vantajoso e atrativo do que a espera por dias para concluir algumas operações. Portanto, se sua empresa lida com organizações dos mercados asiáticos, da União Europeia ou dos EUA, por exemplo, é essencial se manter a par dessa possibilidade.

 

Riscos e incertezas exigem cautela em relação às criptomoedas

A curiosidade e o interesse pelas criptomoedas é totalmente compreensível. Na liderança do movimento, as Bitcoins apresentaram valorização superior a 1000% no último ano, em um momento de instabilidade financeira global. Porém, é preciso se manter atento e agir com cautela. Além de ser uma tecnologia relativamente nova, há outros riscos associados.

O primeiro diz respeito à altíssima volatilidade do investimento. Mesmo quem está acostumado a investir em renda variável com perfil agressivo pode se assustar com as variações constantes da moeda. O segundo risco é que, justamente por ser recente, as criptomoedas ainda não sofreram com regulamentações governamentais, o que é inevitável. A depender das sanções impostas em diferentes localidades, a volatilidade do ativo pode ser ainda maior e, consequentemente, o valor pode cair drasticamente.

Por fim, existe uma preocupação ligada ao excesso de energia consumida por essas transações digitais. O consumo absurdo de eletricidade ainda é muito ligado a combustíveis fósseis por parte dos consumidores da tecnologia, segundo pesquisa do Centro de Finanças Alternativas da Universidade de Cambridge (CCAF). Em tempos de economia de recursos e preservação ambiental em foco, as Bitcoins seguem na contramão, até o momento. Vale a pena monitorar o ativo? Claro, mas com bastante calma e cautela.